RH em Pauta
Do achismo ao dado: como a rigorosidade sustenta decisões inteligentes
13/05/2025 | Por: @atribunapiracicabana
Estava revisando a coluna desta semana e percebi que ela seria postada dia 13 de maio. Mudei o tema. Vivemos em uma era em que a liberdade é exaltada como valor supremo, mas muitos de nós seguimos acorrentados por grilhões invisíveis. A escravidão moderna não se dá mais sob açoites e correntes de ferro, mas sob a tirania das telas, a obsessão pelo sucesso e a cultura do empreendedorismo exacerbado. O que antes era imposto pela força, agora é auto imposto em nome de uma liberdade ilusória, vendida como escolha individual. E, no centro dessa engrenagem, está a gestão de pessoas – muitas vezes esquecida ou negligenciada, justamente por ser humana demais para os tempos atuais. As telas são, talvez, os novos senhores do nosso tempo. Elas nos hipnotizam com a promessa de produtividade, de conexão, de progresso constante. Smartphones, computadores e notificações transformam jornadas de trabalho de oito horas em jornadas invisíveis de catorze ou mais. O “sempre disponível” tornou-se o novo normal. A linha entre vida profissional e pessoal foi apagada, e hoje respondemos mensagens de trabalho no jantar, produzimos conteúdo nas férias e monitoramos métricas enquanto deveríamos descansar. Ser multitarefa virou um troféu, mas à custa da saúde mental e emocional. Paralelo a isso, há a escravidão do sucesso. O discurso meritocrático vendido em redes sociais romantiza jornadas exaustivas, como se dormir quatro horas por noite e “viver para o trabalho” fossem medalhas de honra. Nesse cenário, o empreendedorismo, que poderia ser um caminho para autonomia e inovação, se transforma em prisão. Ser empreendedor virou sinônimo de estar em guerra constante contra o tempo, contra a falência e, muitas vezes, contra si mesmo. Há uma pressão brutal para dar certo rápido, para mostrar resultados, para parecer bem-sucedido – mesmo que por trás do feed se esconda um abismo de esgotamento. E é nesse contexto que a gestão de pessoas se torna um campo minado. Líderes são pressionados a alcançar metas, muitas vezes irreais, e acabam replicando modelos tóxicos de produtividade e controle. O foco em resultados suprime o olhar humano, e colaboradores são vistos como “recursos”, não como pessoas. Mas há esperança. A gestão consciente e humanizada emerge como contraponto a esse sistema doente. Falar sobre burnout, estabelecer limites claros, respeitar a individualidade e promover equilíbrio não são apenas práticas desejáveis – são urgentes. Gestores do futuro precisarão ser curadores do bem-estar de suas equipes, e não apenas cobradores de desempenho. Precisarão aprender a dizer “não” para a cultura do excesso e “sim” para a escuta ativa, o cuidado e a empatia. A escravidão moderna não será superada por força ou revolta, mas por uma transformação de consciência – começando pelas relações humanas dentro das organizações. Estamos prontos para liderar com humanidade ou continuaremos escravizados sob a ilusão de liberdade. Na próxima semana retornaremos a tratar da análise comportamental. Combinado?
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